Procol Harum - The Concert With the Edmonton Symphony Orchestra - Progbrasil

Procol Harum

Canada
http://www.procolharum.com




Titulo: The Concert With the Edmonton Symphony Orchestra
Ano de Lançamento: 1972
Genero:
Label:
Numero de catalogo:

Revisto por Marcello Rothery em 29/03/06 Nota: 10.0

 

Discoteca básica, fundamental

Na música progressiva, muitas obras são de difícil assimilação. Outras exigem uma audição reservada, a pessoa isolada em um canto, de preferência com boas caixas de som.

E há obras que não precisam de nada disso. Que, já na primeira audição, literalmente pegam o ouvinte pelo colarinho, e o conquistam quase imediatamente. Este é o caso do álbum que leva o título desta coluna de hoje.

O início da carreira do Procol Harum, em 1967, foi incomum para um grupo ligado à música progressiva : seu primeiro compacto pegou de assalto as rádios, e tornou a banda famosa nos dois lados do Atlântico. A Whiter Shade of Pale, com sua melodia inesquecível, foi hit imediato, e se transformou em um dos maiores clássicos dos anos 60. O sucesso foi tão forte, que acabou até prejudicando o próprio grupo, que passaria a ser conhecido, desde então, por muita gente, como “a banda que fez A Whiter Shade of Pale”.

Seu primeiro álbum, homônimo, foi lançado ainda em 67, e a versão original não incluía o megahit. A versão americana, porém, tratou de corrigir este “incoveniente”, não só incluindo-a, como colocando-a como o nome do álbum. De qualquer forma, ambas as versões foram muito bem recebidas por público e crítica.

Os álbuns seguintes, Shine on Brightly (de 68) e A Salty Dog (de 69), não tiveram o mesmo impacto, mas conseguiram manter o nome do Procol Harum com mídia e público, apesar de terem, ambos, alguns momentos de menor inspiração. Todavia, os pontos altos dos discos (Quiet Rightly So, Shine on Brightly, In Held Twas In I, A Salty Dog, All This and More e outros) valiam por tudo, e se converteram em novos clássicos na carreira da banda.

O início dos anos 70, porém, seria problemático. A saída de dois membros muito importantes (o tecladista Mathew Fisher e o guitarrista Robin Trower) e o fraco disco Broken Barricades (de 71) colocaram o prestígio da banda em cheque.

Foi quando o grupos embarcou em um ambicioso projeto : um álbum ao vivo, em conjunto com uma orquestra sinfônica de 52 músicos e um coral de 24 vozes. O repertório foi cuidadosamente escolhido, e as músicas tiveram seus arranjos refeitos (com exceção de A Salty Dog, que já tinha orquestra na sua versão de estudo, e não foi mexida), para um formato mais grandioso, com orquestra e coral, além de alguns itens a mais (como um solo de guitarra em Conquistador, que não existia originalmente).

O show ocorreu no Jubille Auditorium, em Edmonton, no Canadá, e contou com a orquestra sinfônica da cidade e um coral chamado Da Câmera Singers. Os arranjos de orquestra foram feitos pelo líder Gary Brooker, auxiliado pelo convidado Jim Parker.

A abertura, com Conquistador, já conquista o ouvinte logo de cara. A bela melodia original se mostra perfeita para abrir o show. A introdução com orquestra, o solo de guitarra no meio, e as várias intervenções de orquestra tornam a música mais grandiosa, e esta acabou se tornando a sua versão definitiva.

A seqüência se dá com a fantástica Whaling Stories, com suas diversas variações, e alguns momentos apoteóticos, como a passagem de orquestra para o solo de guitarra, e o lindo encerramento, onde Gary canta acompanhado do coral.

Depois, a emocionante A Salty Dog, que enche o teatro de emoção. O show segue com a roqueira All This and More, que ganha força com a orquestra.

Encerrando o espetáculo, uma versão absolutamente fantástica de In Held Twas In I, usando todos os recursos da orquestra e do coral, e criando um arranjo inesquecível neste épico de 19 minutos.

The Concert With the Edmonton Symphony Orquestra mostra uma abordagem pouco comum na união entre grupo e orquestra. Ambos se tornam um só, e a orquestra aumenta e muito o brilho e a grandiosidade das canções, chegando a passar a impressão de que estas já seriam originalmente assim. É um álbum impecável do início ao fim, que merece ser conhecido por qualquer pessoa que goste de música progressiva.

Este álbum fez um sucesso tão grande quando saiu que pegou a banda de surpresa. Não havia uma turnê programada, e a demanda os fez passar quase todo o ano de 1972 promovendo o álbum. Foi, para muitos, o ápice da carreira do Procol Harum. Que, curiosamente, o gravou com uma formação que só ficou junta neste período : Gary Brooker nos vocais e piano, Chris Copping no órgão, Alan Cartwright no baixo, BJ Wilson na bateria, e Dave Ball na guitarra (que sairia do grupo logo após a turnê).
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