Anekdoten - Nucleus - Progbrasil

Anekdoten

Suecia
http://www.anekdoten.se/




Titulo: Nucleus
Ano de Lançamento: 1995
Genero:
Label:
Numero de catalogo:

Revisto por Francisco Kraus em 24/03/07 Nota: 9.0

 

Extremamente bom, um clássico ro rock progressivo

O Anekdoten, ao lado do Anglagard e do Landberk, é uma das grandes bandas de progressivo suecas dos anos 90 . No caso deles, uma vez que os outros dois acabaram (o Anglagard anunciou um retorno, porém ainda não vi nenhuma novidade), também o é da atualidade.

Fortemente influenciados (influenciados e não clonados ou meros subprodutos) pelo King Crimson em sua fase Larks' Tongues in Aspic-Starless & Bible Black-Red, a banda tem 4 discos de estúdio lançados (e um em fase final de produção, com lançamento previsto para o primeiro semestre de 2007): "Vemod", "Nucleus", "From Within" e "Gravity", e NMHO todos valem a pena.

Na ocasião da passagem da banda pelo Brasil, algumas pessoas, caíram de pau no show face ao peso da banda, o que para os comentaristas da época era barulho. Sou suspeito para comentar pois tenho todos os discos da banda e gosto muito deles.

A grande sacada deles é exatamente a alternância entre o peso da excelente cozinha e a suavidade da guitarra, até econômica, aliada ao mellotron e ao cello.

O baixista além de tocar seu instrumento com precisão e peso - na maior parte do tempo, um Rickenbacker- , e mesmo debaixo de uma "quebradeira" danada, leva os vocais numa boa. A melodia vocal lembra mais o Peter Hammill do que as melodias do Wetton no Crimson.

Sobre os discos, o "Vemod" é mais suave que seu sucessor "Nucleus" o que não é um demérito. Pérolas do primeiro: "Longing", "Wheel" e "Karelia".

Vou me prender mais ao segundo... gosto mais desse que do primeiro. A música que dá título ao disco e abre os trabalhos é uma porrada! Peso, quebradeira, suavidade, mellotron. "Harvest" começa suave, apesar da estrutura "estranha" aos desavisados, e lá pelos dois minutos cresce e se tem a presença da guitarra mais a frente do resto num solo no mínimo diferente."Book of Hours"... essa só ouvindo. A bateria suave, marcada, o baixo reto, a guitarra "pingando" o acorde dedilhado, mellotron, mais mellotron, e depois mais mellotron. Na segunda parte as escalas de guitarra e teclados mostram a influência do KC e aí vem a característica da banda, a letra cantada de forma suave na parte mais suave, baseada em dois ou três acordes no máximo. Uma festa de quase 10 minutos! Mas o disco não acabou aí... após o "interlúdio" de "Raft", lá vem "Rubankh" que parece feita para se marcar com o pé ou com a cabeça o peso de baixo e bateria. De novo a calmaria chega com "Here". Recheada de cellos é talvez a música mais suave do disco. Como a maioria das canções, armada em acordes menores, a tristeza resultante dessa sonoridade casa perfeitamente com a agonia da letra. Um pequeno toque de cowbell e começamos "This Far >From the Sky". A escala de baixo e bateria é perseguida de perto e por vezes ultrapassada pela guitarra. O mellotron, aqui como uma flauta, dá um tom mais aberto a canção, que tem desta vez a voz colocada apenas acima da guitarra num dedilhado simples e contido, nos seus primeiros versos que ganham o acompanhamento da bateria e mellotron na segunda estrofe. O mellotron agora está "por cima" de novo. Mas não se deixe levar por este "momento"... temos mais surpresas na mesma música. O disco fecha com "In Freedom". A formação e os toques dos acordes da guitarra por aqui parecem ter saído de algum disco de um certo clube mineiro da década de 70... a levada de bateria e baixo é a mais suave de todo o disco, os cellos e o mellotron fazem uma cama tão tranqüila e melódica que se tem vontade de deitar e apenas ouvir as curvas do som. Um disco emocionante, atual e até progressivo!

Resumindo: Ouça a banda!! Quer seja no "Vemod" ou o "Nucleus", ou mesmo "From Within" (menos pesado que o predecessor, como vc pode constatar na canção "Hole") ou o "Gravity". Este último tem canções que poderiam facilmente ser tocadas em programas "indie" de algumas rádios de rock alternativo ("Ricochet" é um grande exemplo disso, seguida de perto de "The War is Over"!!), o que faria alguns puristas torcer o nariz, porém acho seria uma grande força e mostra da novidade que o progressivo ainda pode ser.
Progbrasil