Fantástico, vai rolar direto no meu som
O Anekdoten chegou ao terceiro álbum mantendo a formação original, sob o comando do bedel de excelentes vocais Jan Erik Lijeström e de certa forma voltando-se para o primeiro trabalho, tendo como pando de fundo as idéias ainda mais introspectivas do que no ?Vemod?, a começar pelo título do trabalho que também nomeia a música introdutória.
?From Whitin? é música de grande inspiração, onde o grupo se supera nos climas ?up and downs?, marca sempre registrada da banda, porém ao contrário do álbum anterior ?Nucleus?, aqui temos passagens essencialmente suaves, com belas melodias tiradas do incrível mellotron que a banda sempre conduziu com magnífica maestria. Após uma introdução pesada, a música vira de forma calma, sedutora, hipnotizante, a partir de sua metade sendo levada pela tradicional dobradinha mellotron/baixo, com inserções sempre tarimbadas da percussão do genial Peter Nordins.
A segunda música, para mim é o grande momento dessa obra, ?Kiss Of Life? é de uma agressividade extasiante, onde toda instrumentação da banda apresenta suas armas ao mesmo tempo do início ao fim e não há descanso nem quando entram os vocais, algo muito comum nas músicas do grupo, sem falar na inserção de hammond do convidado especial Simon Nordberg em conjunto com a força do mellotron. É peso constante que possui uma integração muito agradável com os vocais angustiantes.
?Groundbound? não faz por menos e aqui o destaque sem dúvidas são para os vocais de Jan Erik, que são definitivamente belíssimos, sem falar que ele possui uma dicção perfeita, levando-se em conta as desavenças entre os idiomas sueco e inglês. Quando entoa o refrão ?fall through the air / groundbound and giving away?, confesso que sempre fico arrepiado.
O carro chefe desse disco, para a maioria dos admiradores da banda, reside nos onze minutos mais pungentes de todo o álbum, executados em ?Hole?, que se inicia num anti-clímax instigante que segue até o término dos vocais, onde o peso volta à tona com uma linha de baixo espetacular, para em seguida retornar ao estágio de melancolia pleno em que o mellotron dá passagem ao violoncelo inebriante de Anna Sofi e a belas notas de piano. Mais um musicaço do grupo!
Entretanto, diria que a partir do término de ?Hole?, o álbum cai um pouco no lugar comum e com isso torna-se meio repetitivo, fico com a percepção da ausência de surpresas, as quatro músicas posteriores repetem de certa forma a mesma fórmula apresentada até a metade do trabalho. Não que sejam ruins, muito ao contrário, mas não me restam dúvidas que fica faltando a mesma primazia do primeiro trabalho, que para mim ainda continua sendo imbatível na trajetória do grupo em termos de variações sonoras na sua concepção musical.
Por exemplo, a última música do ?Vemod? insere elementos que não haviam sendo apresentados no decorrer do álbum, tais como aquele sopro espetacular e os vocais femininos, surpresas essas que não temos nas músicas subseqüentes em ?From Within? após o término de ?Hole?, à exceção talvez da única música instrumental desse trabalho ? ?The Sun Absolute? que realmente traz algo de diferente novamente ao álbum, com uma introdução capitaneada pela linha do baixo, porém com vários efeitos sendo adicionados no decorrer da música, tais como hammond, violoncelo e xilofones, para tudo desaguar numa quebrada fantástica entre o baixo e o mellotron, mas mesmo com essa excelente música a segunda metade do álbum ainda assim deixa a desejar um pouco.
Um aspecto interessante a se observar em ?From Within? está no término das músicas, a rigor elas não possuem uma conclusão tradicional, terminam do nada, parece que desligaram a tomada causando uma interrupção inconseqüente, como podemos notar em ?Groundbound?, ?Hole?, ?Slow Fire? e ?The Sun Absolute?.
Para aqueles que realmente gostam do Anekdoten, acredito que o ?From Within? deve ser produto obrigatório em suas coleções, já para aqueles que se dão por satisfeitos querendo apenas o que de melhor a banda produziu, a receita ainda continua sendo o ?Vemod?. |
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