Univers Zero - Live - Progbrasil

Univers Zero

Belgica
http://www.univers-zero.com/




Titulo: Live
Ano de Lançamento: 2006
Genero:
Label:
Numero de catalogo: Rune 220

Revisto por Gibran Felippe em 17/07/07 Nota: 10.0

 

Discoteca básica, fundamental

O projeto de gravar um trabalho oficial ao vivo estava engavetado há bastante tempo por parte do Univers Zero, pra ser mais exato a banda nunca teve um disco nessas condições em toda a sua longa carreira, por esse motivo o álbum "Live", lançado em 2006 é histórico, justamente por preencher essa lacuna que estava faltando na discografia oficial da banda. O show foi realizado no dia 24 de junho, em Brussels, na Bélgica(país de origem da banda e um dos berços do movimento musical de vanguarda conhecido por RIO), o cd ainda conta com duas músicas gravadas numa apresentação em Les Lilas, na França.

Trata-se de um concerto irretocável, esse termo define perfeitamente o "Live" - irretocável. Daniel Denis, o líder da banda, brinda o público com uma exibição de gala, muito caprichada e cuidadosa, percebe-se que ao envidar muita energia na concepção do show, acabou por atingir um resultado excelente, os arranjos estão fabulosos e a sinergia entre os integrantes é latente. Os admiradores mais antigos da banda podem questionar o set list escolhido para o cd, já que da fase mais clássica temos apenas uma única música e mesmo assim de menor expressão, "Bonjour Chez Vous", do espetacular álbum "Ceux De Dehors" de 1981. O restante do repertório é oriundo de trabalhos mais recentes dos últimos dez anos, mas apesar desse esquecimento, o que a banda executou foi de altíssimo nível, não deixando nada a desejar para os trabalhos de outrora.

O último trabalho do grupo, denominado "Implosion", trouxe modernidade e vigor às composições do Univers Zero, sem perder a atmosfera lúgubre, pesada e melancólica, que alia altas doses jazzísticas com música clássica impressionista. Quando a banda resolveu fazer as malas e colocar o pé na estrada em 2005, para a turnê do "Implosion", movimentou seus admiradores por toda a Europa, já que se trata de um grupo musical tão refinado que representa quase uma religião para os apaixonados por sua sonoridade altamente original. Um show do Univers Zero ainda se torna muito interessante porque a banda recria novos arranjos com diversos improvisos, mantendo a estrutura original de suas composições. Esse efeito encontramos de imediato na abertura com "Xenantaya”", a melhor do disco "The Hard Quest", estendia aqui por cerca de quatro minutos da versão original. O início com um leve toque de clarinete e oboé é hipnotizante, nada a desejar para alguns climas do King Crimson com Mel Collins, desaguando na bateria poderosa e quebradaça de Daniel Dennis e uma linha de baixo arrasadora, executada pelo ótimo Eric Plantain. Michel Berckmans, ao lado de Dennis, são os únicos integrantes da formação fundadora do Univers Zero que nesse cd está representada por Kurt Budé – clarinete e sax, Martin Lauwers – Violino, Eric Plantain – baixo, Peter Van Den Berghe – teclados, além de Michel Berckmans – oboé e Daniel Denis na bateria.

O show prossegue com outra música do "The Hard Quest", com um solo de violino memorável em meio a uma atmosfera densa e inebriante que culmina com uma das características mais marcantes do grupo, a improvisação ao piano com um acompanhamento psicodélico e dissonante, lembrando trabalhos clássicos de pianistas do século passado, temos nessa música outro exemplo de que a versão ao vivo superou a de estúdio. O acompanhamento do violoncelo ao término também é marcante, tendo a cozinha de Dennis um espetáculo à parte. Em todo o show o líder do grupo executa uma batera de primeira grandeza, sem necessariamente extrapolar ofuscando os demais membros, muito ao contrário, a percussão faz exatamente o que se deseja dela, um acompanhamento refinado, com quebradas constantes e muita criatividade.

"Live" recria o visual alienígena e metafísico do cd "Implosion", onde a gravadora Cuneiform mais uma vez brilhou nos encartes, trazendo-nos inúmeras fotos do show e dos integrantes mostrando a disposição inusitada do palco, assemelhando-se a um corredor polonês em que as fileiras abrem espaço para a bateria de Denis, posta abaixo do telão que apresenta imagens visionárias refletindo em toda a banda, como numa espécie de raio-x lunático e atemporal do sextexto. Apesar da bateria ficar em posição de destaque, como disse anteriormente, Denis não rouba a cena para si durante o show, tendo apenas um único momento em que realmente se destaca isoladamente, na abertura da música "Falling Rain Dance", com um número solo impressionante, trazendo muitas variações e empolgando completamente o público.

Outra música a ser citada é "Méandres", típica composição do Rio, iniciando com uma sonoridade que à primeira vista "arranha" os ouvidos, mas com a entrada dos sintetizadores logo mostra seu sentido e toda a abundante criatividade da banda, comandada por um clarinete que lembra muito o aspecto noir de alguns filmes franceses da década de 60. Denis consegue efeitos alucinantes, abusando de sua percussão e tudo ao seu redor para marcar de forma extraordinária as sequências musicais. Considerada a melhor música do "Implosion", "Méandres" prova que a banda continua pautando a sua história musical com muita coerência e criatividade, onde em momento algum decepciona seus admiradores e o "Live" corrobora esse sentimento e mesmo a ausência do guitarrista Roger Trigaux, um dos membros mais importantes do início de carreira da banda, não é capaz de ofuscar a luz intensa desse trabalho.
Revisto por Amyr Cantusio Jr em 15/11/06 Nota: 10.0

 

Discoteca básica, fundamental

Uma das mais importantes e inovadoras bandas dos anos 70, músicos de vanguarda que fundem esplendorosamente jazz, rock e música de câmara dodecafônica.

O Univers Zero,liderado pelo exímio baterista e compositor Daniel Denis é um dos responsáveis pelo movimento reacionário belga denominado R.I.O.(rock in opposition)onde a música e as idéias metafísicas alcançam um apogeu mistico-politico -anárquico,com requinte e conhecimento de causa.

Bem se sabe que o rock é revolução,e estes músicos com formação erudita não deixam por menos !!

Ouvi de alguns críticos que este álbum já não estava a nível dos trabalhos anteriores da banda...Isto,depois de uma audição meticulosa,me surpreende! O álbum está até acima dos anteriores,não perdeu nada de sua identidade lúgubre, trabalhada,profunda e densa.

Já de cara, na faixa de 13 minutos chamada XENANTAYA,se houve o puro e claro Universo Zero!

Tudo em cima,músicos competentes e uma pegada de arrasar de cabo a rabo.

A faixa FALLING RAIN DANCE(sétima)mostra porque Daniel Denis é considerado um dos maiores bateristas do rock.....

Obra imperdível,este trabalho tem uma qualidade sonora excelente e uma performance inesquecível,lembrando trabalhos antigos como UZED(1984) ou mesmo o primeiro disco 1313 ( 1977).

Nada se perdeu,ao contrário, a trupe de Denis está mais afiada e maravilhosa que nunca.

São Michel Berckmans(sopros), Kurt Budé(sopros), Martin Lawers(violinos),Eric Plantain(baixo) e

Peter van Den Berghe (teclados).

Atmosferas densas, quebradeira total e sinfonias macabras.Imperdivel.Se não conhece, este é um ótimo momento para adquirir algo do grupo!


Revisto por Renato Moraes em 22/05/06 Nota: 9.0

 

Extremamente bom, um clássico ro rock progressivo

Foram necessários 32 anos para que os fãs da banda pudessem ouvir CD totalmente gravado ao vivo dos mestres do rock de câmera. O univers Zéro é uma das duas únicas bandas originais ainda na ativa que participaram do Festival Rock In Opposition em 1978. Gravação ao vivo do Univers Zéro é muito mais do que uma banda sendo gravada em frente da audiência, pois as músicas são coroadas com arranjos diferentes e excutadas com grande energia e precisão, além de descobrirmos que Daniel Denis toca sua bateria de forma mais pesada e agressiva do que no estúdio. A formação conta com Daniel Denis, na bateria, e Michel Berckmans, fagote, oboé e corne inglês (são os dois únicos membros dos velhos tempos), Kurte Budé, clarinetes e saxofones, Martin Lauwers, violino, Eric Plantain, baixo, e Peter Van Den Berghe, nos teclados. Esse é único CD gravado com a formação do sexteto que marcou a volta da banda as atividades em 2004. O CD trás versão muito dinâmica de Xenantaia, com a banda tocando 100% da música, pois nos primeiros shows a introdução era apresentada em play back, agora os vocais são substituídos pelo violino e o corpo principal da música ganhou muito com o andamento de baixo com slaps de Plantain. Ainda duas composições foram tiradas do CD The Hard Quest, Kermesse Atomique e Civic Circus, que ganhou muito com os contrapontos entre os instrumentos de sopro, com revesamento entre fagote, oboé e clarinete. Electronica Mambo Musete é do segundo CD solo de Denis e mudou muito quando tocada pela banda, com os malabarismos de Van Den Berghe nos teclados e o belo solo de sax de Budé. Do recente CD, Implosion, foram aproveitadas Meandrés, a composição mais complexa desse CD, e Falling Rain Dance, que abre com solo de bateria de Denis. Da fase antiga apenas duas composições são apresentadas, Bounjour Chez Vous, magnífica, e Toujours Plus A L’ Est, que ganha toda uma sessão nova, espécie de improviso de câmera, em que violino, fagote e clarinete ficam brincando em momento muito bonito, antes do final bombástico. O som é perfeito, pois a mixagem deu equilíbrio perfeito aos instrumentos. Os fãs mais antigos podem estranhar a falta das composições e do som mais tétrico, pesado e sinistro de outrora, mas vão perceber que toda força e a energia ainda esta por lá. O CD só não é totalmente perfeito porque Denis escolheu não incluir Dense e/ou Présage, faixas que têm a marca registrada da banda, pois infelizmente as gravações feitas nos dois shows não ficaram a contento, mesmo assim o CD é altamente recomendado.
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