Extremamente bom, um clássico ro rock progressivo
Dentre as inúmeras formações do King Crimson, talvez a que possua maior legião de admiradores é a presente no álbum "Red" de 1974. No ano anterior o King Crimson trocou seus elementos, permanecendo apenas Robert Fripp, mentor e líder do grupo. Trouxeram à tona um verdadeiro petardo "Lark's Tongue In Aspic", com uma concepção musical menos intricada, menos experimental, com maior força nas guitarras e, além disso, tendo o sinfonismo presença garantida nos vocais do baixista John Wetton.
"Red" não possui o impacto do anterior, pois funciona como uma afirmação da sonoridade produzida pelo outro, naquele tempo, pós-fase inicial e ainda com muita originalidade. Vale ressaltar que as idéias musicais em ambos os trabalhos guardam estreitas semelhanças: inicia-se uma música instrumental com um arranjo pesado e tendo as músicas subseqüentes uma melodia desconcertante, alicerçada na suavidade e amargura dos vocais de John Wetton, como observamos em "Book Of Saturday" e "Fallen Angel".
A curiosidade por trás da produção do álbum "Red" é que Fripp um mês após o seu lançamento anunciou o término prematuro do King Crimson, onde já apresentava planos de trabalhar com Eno. Suas palavras na ocasião foram muito contundentes: "I take full responsability for the decision... I felt it was time for King Crimson to come to an end".
Esse fato é interessante, ainda mais se levando consideração que o álbum possui um nível elevado e fora muito bem recebido pela crítica e público.
A música de abertura que dá título à obra é uma das mais viscerais e cruas de toda a carreira da banda, com baixo, guitarra e bateria pegando pesado, lembrando o frenetismo hard produzido pelo Black Sabbath na mesma ocasião.
Na seqüência temos um autêntico clássico do grupo, "Fallen Angel", que faz um anticlímax pungente em oposição à violência sonora de "Red", tudo nessa música é muito sutil, dos vocais, violinos e sax e ainda conta com guitarra chorada, que posteriormente Fripp repetiria em "Starless". A letra é de profunda melancolia: "Sick and tired blue wicked and wild / God only knows for long".
A terceira é "One More Red Nightmare" que na minha opinião é a que possui maior influência de John Wetton no seu escopo musical, já que é daquelas que combina com as músicas que o UK iria produzir ainda na década de 70 sob a batuta do vocalista. Particularmente a considero genial, destaque para Bill Brufford (uma monstruosidade), até porque também curto o trabalho do UK que é um grupo completamente distinto do projeto Asia que John Wetton encaparia tempos depois, diga-se de passagem.
"Providence" é fundamental nesse trabalho, pois representa o experimentalismo que sempre envolveu a atmosfera da banda. Para os amantes originais do Crimson, aqueles seguidores desde a fase inicial, essa composição soa como um bálsamo obrigatório, assim como as dobras nas roupas de um nobre peralvilho. Porém pode ser também um balde de água fria para os ouvintes que vinham embalados pelas três primeiras músicas.
Por fim, segue o clássico maior de toda carreira do Crimson, nada mais que "Starless" que sempre agradou a gregos e troianos, não há muito que dizer, simplesmente que é a Lady Fantasy, For Richard, Close To The Edge, Aqualung... do King Crimson - o carro chefe!
"Red" é obra obrigatória em qualquer casa de quem gosta da música
de alta qualidade, seja apreciador de qual estilo for, até por representar uma profusão de variedades sonoras que trilham do jazz ao hard com imensa competência. |
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