Fantástico, vai rolar direto no meu som
A Polônia nos anos 90 despontou no cenário progressivo de boas bandas neo prog, tais como Collage, Abraxas e Quidam. Esse não é o caso da banda Ankh, também oriunda dos anos 90. Na realidade o Ankh é exatamente o oposto do neoprogressivo tradicional, a começar pela ausência de teclados e por utilizar vocais viscerais nos dois primeiros álbuns. Atualmente com o cd ?Expect Unexpected? a banda passou para uma fase sonora bem distinta desse álbum de estréia, ?Ankh? capa preta de 1994.
Nesse primeiro trabalho do Ankh, a banda utiliza o tema do Yn e Yang na elaboração de suas músicas, em que pese as letras serem compostas em polonês, impossibilitando o entendimento de seu significado, a sonoridade do grupo já mostra tudo, muito peso e energia conectados com momentos de suavidade ditados pelo violino. Por falar no violino, é pertinente dizer que é a espádua do grupo, instrumento que funciona como o diferencial, como o algo a mais, fazendo com que a banda se aproxime da elaboração contida no rock progressivo e que compensa por inteiro a ausência de outros instrumentos, como os teclados, por exemplo.
O álbum inicia com uma pequena introdução, abrindo passagem para ?Hate And Love?, apresentando todos os elementos sonoros do grupo, guitarra distorcia, baixo pesado, bateria espancando e um violino que de fato é espetacular, vale ressaltar que os vocais possuem muita força e alma. Para quem não curte muito rock pesado pode parecer à primeira vista nos minutos iniciais que a música do grupo não possui validade, mas se prestarmos atenção notar-se-á que a proposta musical é arrebatadora, tendo a mistura do rock pesado que em alguns momentos aproxima-se até mesmo do trash, contrastando com a melodia sublime do violino, que possui uma orientação muito mais clássica do que propriamente roqueira. Inclusive com duas músicas que fazem alusão direta a Vivaldi, denominada ?Kraina Umarlych? e Paganini ? ?24?. Essa segunda para mim é o melhor momento do cd, onde Michal Jelonek apresenta todos os seus atributos clássicos e a banda respeitosamente faz uma pausa para apreciarmos uma variação de um tema clássico do Paganini. Diga-se de passagem, no show realizado aqui no Brasil em 99, ele tomou a cena literalmente, mostrando ser além de grande músico, um verdadeiro performático.
Como em todo álbum que possui muita energia, ?Ankh? não poderia deixar de ter a sua boa balada, com um belo dedilhado de violão, incorporado a um solo de guitarra a la Fripp. É a décima música ?Chleb I Krew?, que com certeza agradará a todos.
Podemos listar inúmeras referências para esse primeiro trabalho do Ankh: Kansas, Curved Air, UK, para aqueles que curtem um violino com mais presença, que faz base, sola e sobressai de fato, não apenas acompanhando. King Crimson e Hawkwind pela fusão do rock progressivo com momentos de maior peso, principalmente na fase ?Lark´s Tongue In Aspic?. Por fim, temos Black Sabbath e Metallica como grandes referências principalmente pela base das guitarras e pela cozinha ? baixo/bateria.
?Ankh? ainda continua sendo de longe o melhor trabalho da banda, bem superior aos subseqüentes. |
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