Extremamente bom, um clássico ro rock progressivo
Segundo álbum da banda italiana, "Love Hate Round Trip", segue o mesmo caminho de seu antecessor, com um clima talvez pouco mais sombrio, com boas letras e vocais, ótimos arranjos de teclados e guitarras, além de uma base sólida de baixo e bateria.
Logo de cara nota-se uma pequena diferença com relação a guitarra, que assume uma pegada mais pesada nos riffs de "The skeletal landscape of the world", o que dá o tom certo para a letra e a melodia vocal de Michele Epifani, que continuam tendendo aos acentos de Peter Hammill. Nada que prejudique o resultado final, muito pelo contrário, uma vez que os maiores pecados cometidos pelas novas bandas de progressivo se encontram nos vocais. Apenas esta salta mais claramente aos ouvidos, logo nas primeiras audições.
"Deiceit" tem uma levada inicial de canção e passa por várias mudanças de andamento e climas, com riffs e solos de guitarra no tamanho certo, além dos teclados que não somente fazem uma bela cama para as melodias vocais e para as guitarras, como também saltam para frente com efeitos e solos que criam uma atmosfera psicodélica.
As levadas não lineares, quer seja de baixo e bateria, quer seja das próprias linhas de teclado, criam supresas interessantes a cada nova música. Climas densos se contrapõem a delicadeza de alguns teclados. A guitarra ponteia em escalas subindo e descendo quase todas as músicas, sendo acompanhada de perto pelo teclado em algumas delas. Em algumas músicas, Epifani, faz ainda o uso de gravações, samplers e outros "apuros" tecnológicos.
Vale a pena chamar a atenção para a versão de "Snails", do Gnidrolog, do disco "In Spite Of Harry"s Toe-Nail". Sinceramente, se não conhecesse a música anteriormente, diria facilmente que era do Areknamés, tal a integração dela no CD.
Com certeza o disco merece ser ouvido com tranqüilidade e tempo de seu início ao final, como todas as outras obras desse gênero, mas destaco ainda a belíssima canção "Yet I must be something" e "Stray thoughts from a crossroad", esta pela perfeita integração de teclados, guitarras e voz, que por vezes nos remetem aos melhores momentos de velhos ícones do progressivo como Gentle Giant ou King Crimson, e com certeza o Van der Graaf Generator.
Assim como o primeiro, "Love Hate Round Trip", é um excelente exemplo de que ainda se pode fazer progressivo novo, usando referências, mas sem cheirar a bolor. |
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