Fantástico, vai rolar direto no meu som
Não é tarefa fácil fazer uma resenha sobre determinado trabalho da banda Alpha III, Por uma série de motivos, entre os quais o fato da grande irregularidade no conjunto de obra do grupo em contrapartida ao respeito e admiração que devemos ter pelo talentoso tecladista brasileiro Amyr Cantúsio Junior.
O Alpha III possui, provavelmente, a mais vasta discografia de um grupo nacional e num relativo curto período de existência. Talvez por essa produção ser tão intensa é que encontramos álbuns não tão bem acabados ou elaborados.
Da discografia do Alpha III conheço seis trabalhos, dos quais apenas dois considero bons, justamente aqueles que se enquadram em projetos mais intimistas do músico Amyr Cantúsio: The Seven Spheres e Cosmic Medidation.
Na verdade, os outros quatro que conheço e não aprecio são mais voltados para o rock, alguns mais pesados, outros super repetitivos, são eles: New Voyage To Ixtlan (tendo uma suíte inicial que se repete em demasia, apesar dos bons cinco min. iniciais), The Aleph, Mar De Cristal e Sombras.
Tenho a impressão que o Amyr Cantúsio não se sai bem como roqueiro, todas as obras que ouvi nessa linha mais rock ou hard, achei fracas e sem consistência, o Acron então é detestável. Porém, músico talentoso que ele é, possui um lado new age e eletrônico que me agrada, onde nos deparamos em obras como essa The Seven Spheres.
The Seven Spheres, assim como em outros trabalhos do Alpha III, é totalmente executado pelo Amyr, pautado num tema bíblico e esotérico em que apresenta Jesus Cristo como o grande mestre das Sete Esferas. Essa linha musical na carreira do Alpha III é interessante, pois para mim tem mais solidez que outros trabalhos com um grupo de fato. Listo como principais referências para The Seven Spheres: Vangelis, Kitaro, Rick Wakeman e obviamente Tangerine Dream.
As músicas, no total de doze seguem cronologicamente a vida de Cristo, desde o nascimento até a ressurreição e os arranjos correspondem de forma satisfatória ao desenvolvimento dos temas, com destaque para Desert Theme (o ponto alto do álbum), The Temple Of Israel, The Temple Of Profanation (que se inicia de forma um pouco neurótica e passa até por uma seqüência em que lembra algo perto das danças profanas do mundo árabe) e Jesus Ascending.
?The Seven Spheres? é uma obra de tecladista, assim como tantas outras que temos dos mais diversos tecladistas do cenário progressivo nacional/internacional e mais, não possui acentuações hard como em outros trabalhos do Cantúsio e também não possui vocais, sem dúvida para quem gosta de trabalhos pessoais de tecladistas se faz interessante como recomendação.
Em que pese, particularmente não gostar de parte das obras do Alpha III, é importante reconhecer a grandeza e penetração do Amyr, que consegue sempre editar as suas obras no exterior, algumas delas só saíram fora mesmo. Independente do estilo musical, devemos reconhecê-lo por se tratar de um músico brasileiro que através de muito esforço e sacrifício consegue representar a nossa música no exterior.
Por fim, espero que cada vez mais ele continue encampando essa trajetória mais para o new age e eletrônico, pois é onde percebo grande potencial e sinceramente não sei como está a linha musical do Alpha III atualmente, pois não conheço os últimos três trabalhos, mas se for como ?The Seven Spheres? acho que vai bem mais atraente que os trabalhos na linha hard e tendo uma oportunidade vale o investimento com sobras.
Segue um trecho do poema do Amyr contido na obra:
?I can see beyond the stars from space,
The Lord?s face reflecting as fire,
The shadows below his royal power,
And the light shinning on his head.? |
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