Tangerine Dream - Green Desert - Progbrasil

Tangerine Dream

Alemanha
http://www.tangerinedream.org/




Titulo: Green Desert
Ano de Lançamento: 1986
Genero:
Label:
Numero de catalogo:

Revisto por Gustavo Jobim em 23/06/07 Nota: 10.0

 

Discoteca básica, fundamental

Green Desert é um disco peculiar na enorme discografia do Tangerine Dream, grupo que é um dos atores mais importantes da história da música eletrônica.

O álbum tem suas origens em 1973. Foi criado apenas por Edgar Froese e Chris Franke, pois Peter Baumann estava ausente, numa de suas primeiras viagens pelo mundo. O projeto no entanto foi abortado, e o que restou foram apenas rascunhos.

Em 1984, Froese e Franke deram continuidade ao projeto, adicionando sons característicos dessa época. Essa mistura improvável de sons de 1973, anteriores à fase dos sequencers que os levou à fama, com timbres digitais de 1984 teria tudo pra não funcionar, mas este é um caso raro em que essa mistura deu certo. O disco foi finalmente lançado em 1986.

Na época de sua concepção, no início dos anos 70, o Tangerine Dream era especialista em sombrias passagens sonoras, uma espécie de proto-dark-ambient, pros que gostam de rótulos. O melhor exemplo disso é o disco Zeit, de 1972, uma obra-prima de música sombria, lenta, longa e sem ritmo. Ao longo dos anos 70, a banda continuou com suas paisagens fantasmagóricas, porém a música tomou geralmente uma característica mais hiperativa devido aos rápidos sequencers. Já nos anos 80, o clima ficou mais ameno e tranqüilo, porém os ritmos continuavam presentes.

Green Desert combina essas duas características, sendo um disco contemplativo porém não sombrio como Zeit. A foto de uma paisagem desértica com vegetação de arbustos traduz bem a sonoridade do disco.

As músicas têm arranjos simples, mas que funcionam. A primeira faixa, a faixa-título, é uma paisagem sonora de 20 minutos em eterna expansão. É sustendada durante boa parte de seu curso por um grave tom de sintetizador, trabalho de bateria acústica e efeitos sonoros, adicionados de leves tons de sintetizador e guitarra elétrica. Esta faixa é a mais próxima da sonoridade antiga do grupo. A viagem é encerrada com uma coda de timbres de 1984, com o retorno do grave som que carregou a música, sendo uma prévia e link para o Lado B, com três faixas mais curtas.

O disco segue com White Clouds, composta dos mesmos acordes que encerraram Green Desert. Aqui ouvimos uma mistura de percussão antiga e timbres de 84. Esta é marcada por um delicado tema melódico, muito característico de Edgar Froese como os fãs do grupo poderão atestar.

Em seguida, temos Astral Voyager, baseada em sequencer grave e suave, sendo esta provavelmente uma criação inteiramente de 1984. É uma passagem sonora que tem a ver Convention of the 24, do álbum White Eagle, de 1982, porém sem o nervosismo dessa música.

Finalmente, o disco de maneira ainda mais contemplativa com Indian Summer, uma música lenta, que começa com acordes tocados de forma calma, com pausas. Com essa característica e os sons de phaser, somos imediatamente transportados a um penhasco à beira do mar, com as ondas batendo nas pedras. Aos poucos, mais tons agudos e suaves bem característicos da época (anos 80) acompanham a música, com um eventual solo de sintetizador. Aqui não temos melodia, apenas a seqüência de acordes forma a base harmônica da música.

Green Desert pode não ser um dos maiores clássicos do Tangerine Dream, como Tangram, Pergamon, Rubycon, Force Majeure, Ricochet e tantos outros, porém é um álbum despretensioso e tranqüilo, portanto perfeito praquelas noites em que tudo o que você precisa é relaxar.
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