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Arion

Brasil




Titulo: Arion
Ano de Lançamento: 2001
Genero:
Label:
Numero de catalogo: PRW047

Revisto por Tarcisio Moura em 09/08/07 Nota: 10.0

 

Discoteca básica, fundamental

Este foi o álbum do ano para mim em 2001. Foi muito gratificante descobrir que, depois de tantos anos de espera, surgiu finalmente uma banda de rock progressivo no Brasil que possuía um som ao mesmo tempo original e familiar, sem nunca soar derivativo ou incompleto. Apesar da fortíssima influência de grandes bandas sinfônicas dos anos 70 e algumas pitadas de Marillion aqui e ali, a música do Arion é realmente única. E, finalmente, uma banda em que os vocais são tratados com tanto cuidado quanto a parte instrumental. O grupo anda consegue agregar ao seu som forte influências de MPB sem soar estranho nem forçado.

Como em todas as grandes bandas o resultado é maior do que a soma das partes, com cada membro mostrando suas influências de forma clara, mas sem alterar a química final, que realmente é muito particular. Enquanto que tecladista e baixista são obviamente fãs de progressivo, o baterista Nelson Rosa revela-se uma grata surpresa com seu estilo mais jazzístico e MPB dando um tempero todo especial à mistura. A conecção brasileira é reforçada nas composições da vocalista Tânia Braz , enquanto que o guitarrista Luciano Soares mostra-se um instrumentista versátil e criativo, capaz de solos emocionais a la Steve Rothery, ao mesmo tempo que segue o restante do grupo nos diversos estilos mais complexos com bases e riffs surpreendentes. Já o tecladista Sérgio Paolucci usa com muita propriedade seus moogs e Hammonds, além de solos de piano fortemente influenciados por Keith Emerson e John Tout (Renaissance). Em outros momentos soa puramente Dave Brubeck (como na segunda parte de Cosmic Touch). Coroando o extremo bom gosto dos arranjos vem o baixista Carlos Linhares, preenchendo todos os espaços restantes com seu baixo harmônico, repleto de técnica bem derivada da escola de Chris Squire (Yes).

O grande destaque fica no entanto com a bela voz de Tânia Braz, uma das melhores cantoras de progressivo da atualidade (no Brasil e no mundo). Sua técnica vocal é perfeita, e possui um alcance surpreendente, indo do contralto mais grave até o soprano ao estilo de Annie Haslam, do Renaissance. Assim como Haslam, Tãnia usa freqüentemente sua voz como um instrumento de solo durante os intervalos instrumentos com resultados que enriquecem ainda mais a música da banda.

O CD é composto de 6 músicas do próprio grupo (que tem 3 compositores talentosos) , todas cantadas em inglês e uma de Thyagga, um amigo da banda que faz o vocal principal nesta faixa. Esta música, natureza Mística, é a única cantada em português e lembra bastante do progressivo brasileiro dos anos 70 como o que o grupo Terço fazia.

Produção e encarte são muito bem cuidados. Não é para menos que o grupo colheu elogios onde quer que fosse ouvido. Músicas de destaque: todas. Ouçam e se surpreendam!
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