Obra-prima, irretocável
Recentemente o Yes vem brindando o seu público com o lançamento de algumas caixas com vasto material sobre o grupo, compostas por gravações antigas, novas, inéditas, das mais diversas formações do grupo, sem falar nos incontáveis dvds que inundam as prateleiras das lojas de todo o planeta, todos com a marca registrada da infinita qualidade musical do grupo. À primeira vista pode aparentar uma certa repetição, mas ao possuir todo esse material, notar-se-á que a banda com sua grande riqueza de detalhes e diversos improvisos nunca se repete em si mesma na execução dos seus clássicos e das novas composições, basta ouvirmos a versão de ?Close To The Edge? no ?Yessongs? e depois ouvirmos a versão do ?Keys To Ascension?, ora é de fato a mesma música, mas cada execução com uma dezena de peculiaridades distintas.
Esse prefácio se faz necessário, pois em 2004 a banda lançou um box comemorativo dos 35 anos de carreira ? ?The Ultimate Yes: 35th Anniversary Collection? ? e ao observá-lo notaremos que o mesmo não carrega nada absolutamente de novo, apenas uma excelente mixagem de uma coletânea que aborda praticamente toda a carreira do grupo. Nessas linhas já existem as duas justificativas principais que conferem credibilidade a esse lançamento: a primeira reside no aspecto da data comemorativa, afinal de contas, não é todo dia que temos o privilégio de assistir uma banda completando 35 anos e ainda em plena atividade artística, inclusive essa data deu origem a uma turnê que infelizmente o Brasil ficou a ver navios e a segunda reside no fato de ser a única coletânea da banda que realmente perpassa por todas as fases do grupo, dando uma visão geral do que o Yes produziu ao longo desses 35 anos, não se firmando numa ou noutra fase como vimos nas coletâneas anteriores.
Esse lançamento possui duas versões, uma é a britânica e a outra é americana, provavelmente uma estratégia de marketing do grupo, já que ambas são bem diferentes, mas na minha ótica empatam em termos de qualidade e representatividade. Enquanto a britânica conta com músicas que na minha concepção são fundamentais e obrigatórias na carreira do grupo, tais como ?Survival?, ?Awaken? e ?Ritual?, deixa de lado ?And You And I? com uma versão reduzidíssima e perde também no aspecto cronológico. O box americano registra cronologicamente todas as fases do grupo, dando uma exata idéia de como evoluiu a música do Yes com as suas mais diversas formações. Porém esse box americano tem um único problema, não apresenta nenhuma composição do primeiro cd do Yes, essa é uma lacuna que deveria ter sido evitada, pois é absolutamente o único álbum que não possui nenhuma música registrada e convenhamos que ?Survival? jamais poderia ficar de fora de uma produção desse quilate. A curiosidade é que a versão britânica finaliza com ?Awaken?, que para muitos se trata a melhor música da banda, inclusive para os próprios integrantes do grupo, pensaram talvez numa ordem de qualidade durante a compilação, já a americana fecha com ?Magnification?, belíssima composição do último cd.
Esse lançamento é altamente recomendável para todos que gostariam de possuir uma bela compilação com todas as fases da banda, afinal de contas não é fácil completar uma coleção de um grupo que editou aproximadamente vinte trabalhos em estúdio, logo essa compilação preencheria qualquer ausência e vale também para os velhos admiradores, pelo luxo da caixinha, pela excelente qualidade da gravação que sinceramente não se encontra nos lançamentos isolados e claro pelo terceiro cd que é uma espécie de bônus, trazendo duas faixas do ?Fragile? em versão acústica ao vivo: ?Roundaboout? e ?South Side Of The Sky?, já editadas em dvd, além disso, temos uma brilhante canção do Jon Anderson, realmente maravilhosa chamada ?Show Me?, de um sinfonismo como somente ele sabe produzir, um belo solo de violão do Steve Howe intitulado ?Australia? e para fechar temos Mr. Chris Squire executando uma adaptação de uma peça clássica do compositor Dvorak, tirando sons incríveis do seu baixo genial.
Ouvindo essa coletânea, gostaria de frisar que a grande contribuição do Tony Kaye ao Yes está presente no álbum ?90125?, a criatividade dos seus teclados provavelmente é um dos principais fatores que a tornam tão interessante e ainda ter sido um estrondoso sucesso de vendas. Ao observar as três músicas desse álbum e principalmente ?Owner Of A Lonely Heart? é perceptível que ele sai de uma mera condição de coadjuvante como nos três primeiros trabalhos do grupo, para uma integração efetiva. A quantidade de timbres que ele explora, as bases de teclado e a sua criatividade as soberbaram como nunca, o que dizer daqueles teclados enlouquecidos no meio de ?Owner?(uma música toda redondinha), simplesmente fantástico. Poderia escrever sobre o que ele executou também em outras músicas como ?Hold On?, ?Changes?, ?Cinema? e ?Leave It?, mas isso fugiria do intuito dessa resenha. |
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