Triumvirat - Illusions on a Double Dimple - Progbrasil

Triumvirat

Alemanha




Titulo: Illusions on a Double Dimple
Ano de Lançamento: 1974
Genero:
Label:
Numero de catalogo:

Revisto por Gibran Felippe em 18/10/05 Nota: 10.0

 

Discoteca básica, fundamental

Há um grande camarada que sempre diz que o melhor álbum do Emerson, Lake and Palmer é ?Illusions on a Double Dimple?, de imediato retruco alegando que o melhor é o ?Spartacus?. Brincadeiras à parte, considero injustos comentários insidiosos contra a obra do Triumvirat, afirmando ser a banda um mero clone do medalhão inglês, uma banda de segundo escalão e, portanto não necessitando de maiores atenções.

Não pretendo nessa resenha iniciar uma verdadeira homilia sobre esse fato tão amplamente debatido nos quatro cantos do planeta. De fato no primeiro álbum do Triumvirat, ?Mediterranean Tales?, notamos um grande eco do ELP, porém após o segundo trabalho, ?Illusions on a Double Dimple?, o Triumvirat soltou as amarras e criou uma obra própria, autêntica e de muita personalidade.

Após esse segundo petardo, continuar afirmando ser a banda uma mera cópia do ELP é um equívoco dos grandes, as diferenças são inúmeras, a começar pelos arranjos das composições. Enquanto o ELP sempre privilegiou muito mais a técnica, o Triumvirat, por sua vez, deu mais ênfase às melodias.

?Illusions on a Double Dimple? conta com um staff grandioso, já que temos uma parte da orquestra de Colônia participando ativamente de toda a obra, onde notamos uma série de instrumentos que o ELP não fez uso nas suas obras iniciais, tais como violinos, violoncelos, sax tenor, trompete e trombone. Além disso, ainda contamos com um backing vocals estupendo, também de integrantes da mesma orquestra, um verdadeiro coral, algo que o ELP também não usava.

Vale ressaltar que nesse trabalho, o Triumvirat contou com a força de dois baixistas, o membro fundador Hans Pape(um monstro) e Helmut Köllen que também tocou um violão muito bonito, além do belíssimo vocal. Jürgen Fritz está com uma inspiração fora do comum, tocando divinamente. O piano no prelúdio de ?Bad Deal? é uma das coisas mais lindas que já ouvi no rock progressivo, pura magia abrindo as cortinas para uma força arrebatadora com as frases mais empolgantes do álbum:

?Hands off, Mister ten percent!!!
We´ve got a gig tonight! Ha!!
Do you think we´re gonna a pay your rent?
Working for you ` till the end of your life!!!?

Além dessas passagens espetaculares que temos ao longo de toda a obra, um dos aspectos que mais me agradam é a capacidade que a banda tem de mudar de estilo em fração de segundos, de uma quebrada jazzística indo ao mais puro sinfonismo, o leque de variabilidades do grupo é impressionante.

Hans Bathelt demonstra versatilidade, principalmente por fazer parte da composição e letras de diversos segmentos, sem falar que é um baterista de mão cheia, se encaixa mais ou menos com o que Neil Peart seria para o Rush pouco tempo depois. O movimento ?Lucky Girl? é de sua completa autoria e parece-me uma alusão à ?Lucky Man? do Emerson, Lake and Palmer em tom de ironia, o que prova a completa independência dos alemães, através de uma citação óbvia, sem uma execução semelhante, denotando personalidade e desprendimento quanto às críticas de semelhança ao trabalho do ELP, fato que provavelmente pouco incomodava os músicos do Triumvirat.

Afinal, um músico do quilate de Jürgen Fritz, trazendo na bagagem uma formação erudita alemã, instrumentista de habilidade rara, iria se contentar em apenas copiar alguém? Isso para mim é surreal!

?Illusions on a Double Dimple? é um trabalho representativo e fundamental não só pela qualidade assoberbada, mais ainda por ser responsável por descortinar o rock germânico, dando-lhe popularidade, pois atingiu no ano de 74 um sucesso de vendas nos EUA, ficando entre os 30 mais vendidos do gênero, marca que nenhum grupo alemão havia alcançado desde então. Nada mais sincero da minha parte do que conceder todos os méritos a essa obra-prima do progressivo germânico.
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