Yes

Inglaterra

Titulo: Tormato
Ano de Lançamento: 1978
Gênero:
Gravadora: Label n�o informado
Número de catálogo:
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  Revisto por: Gibran Felippe Nota:8.0
Quando penso nesse trabalho do Yes, lembro de imediato da performance do baixo de "On The Silent Wings Of Freedom", de fato excelente. A introdu��o dessa m�sica � mais uma das pe�as geniais relativas ao legado do grupo, figurando no mesmo n�vel das melhores composi��es do Yes; a bateria meio descompassada de White, os teclados com diversos timbres executados por Wakeman, a base solada de Howe at� desembocar no m�gico vocal de Anderson prenunciando o plano astral da banda com os versos: "Where I offer myself midst the balancing of the Sun". Seria dif�cil come�ar uma resenha sobre o "Tormato" que n�o fosse pelo fim, afinal de contas, o supra sumo desse trabalho est� nessa �ltima m�sica. Aproveito essa deixa para afirmar que � uma das mais injusti�adas nos set lists do grupo, da mesma forma que todas as �timas can��es do "Drama", se bem que nessa segunda assertiva temos a barreira da personalidade forte de Jon Anderson que n�o participou desse �lbum. No caso de "On The Silent Wings Of Freedom" n�o h� justificativas plaus�veis para o completo esquecimento. Dif�cil compreender porque essa grande m�sica ficou totalmente relegada pela banda ao longo dos anos, s�o raros os concertos em que o grupo a executou.

De qualquer forma, n�o podemos negar que essa obra teve grandes dificuldades de assimila��o por parte do p�blico no tocante ao Yes, a maioria rilha os dentes s� em pensar que o mesmo foi concebido em plenos anos 70 e ap�s a obra-prima "Going For The One". "Tormato" foi o primeiro trabalho setentista a ser composto apenas com m�sicas de curta dura��o, fato at�pico na discografia da banda at� ent�o, excetuando-se a fase inicial com Peter Banks nos comandos e principalmente pela forma��o cl�ssica: Jon Anderson(vocal), Chris Squire(baixo), Steve Howe(guitarra), Alan White(bateria) e Rick Wakeman(teclados). "Tormato" apresenta a transi��o de um per�odo experimental e virtuoso(anos 70) em dire��o a composi��es mais comerciais e com arranjos menos complexos(anos 80) e sabemos que um per�odo de mudan�as nem sempre � bem aceito pelo p�blico.

Muitas dessas queixas recaem em tr�s aspectos. A grande autoridade que
Jon Anderson exercia no grupo nessa ocasi�o, e de fato algumas m�sicas soam como algo solo dele, do que propriamente do Yes, exemplo t�pico est� em "Circus Of Heaven", a guinada para uma sonoridade menos complexa, a m�sica inicial "Future Times" que considero excelente, j� flerta de cara com o pop rock, se distanciando dos movimentos progressivos, intricados e psicod�licos de trabalhos anteriores e a presen�a sem �mpeto de Squire na maior parte do �lbum, em alguns momentos totalmente burocr�tica. Sua participa��o se salva na trilha final.

A produ��o do "Tormato" foi conclu�da durante um dos per�odos mais turbulentos entre os integrantes da banda, Wakeman e Anderson tiveram in�meros atritos durante as grava��es e foram os membros que mais se desgastaram, n�o por acaso acabaram sendo preteridos no trabalho posterior - "Drama". O vocalista passava por um per�odo de espiritualiza��o intensa que de certo n�o agradava aos membros do grupo, tanto que sua sa�da foi inevit�vel. Vejo esse fato at� como algo positivo para o Yes, tendo em vista que Anderson aproveitou para criar belos trabalhos com Vangelis e o Yes, por sua vez, brindou o p�blico com o excelente "Drama", abrindo caminho para um retorno revitalizado, no vibrante "90125", tr�s anos depois.

Nutro uma apre�o especial por "Don't Kill The Whale", a guitarra de Steve Howe est� perfeita, com solos encantadores, a tem�tica ecol�gica � vision�ria, o vocal de Anderson est� soberbo, um a�o e os teclados de Wakeman d�o um show � parte. Mesmo sendo considerada algo pop, algo comercial, ainda assim possui grandes m�ritos, sendo ao lado de "On The Silent Wings Of Freedom" e "Madrigal" as que mais gosto no disco. Nessa �ltima Wakeman inovou, debulhando um aut�ntico cravo, perpassando por um dos arranjos mais belos criados pelo Yes, o �nico sen�o de "Madrigal" � sua curt�ssima dura��o.

� fato que nesse �lbum o grupo tentou v�rios estilos e dire��es musicais, at� mesmo na busca por uma alternativa divergente de per�odos anteriores, entretanto a banda n�o me soa muito coesa e harm�nica e ainda sofreu o estigma de ter um predecessor estupendo - "Going For The One", causando at� certa estranheza, j� que a forma��o de ambos � exatamente a mesma pra tamanha diferen�a de qualidade em t�o curto espa�o de tempo. Curioso que no mesmo ano de lan�amento do "Tormato", o grande par do Yes, o medalh�o ingl�s Genesis tamb�m lan�ou um trabalho muito controvertido - "And Then There Were Three" que tamb�m apontava para uma nova fase menos rebuscada, nesse ponto as duas bandas tra�aram aut�nticas linhas paralelas em suas carreiras. Em que pese os insultos dos admiradores mais antigos e exigentes, ambos os grupos obtiveram relativo sucesso e emplacaram duas grandes baladas: "Onward" e "Follow You Follow Me".

Apesar de tudo, a turn� do "Tormato" foi muito concorrida e marcante, com shows apote�ticos e m�sicas carregadas de emo��o, tanto pelo dedilhado m�gico de Howe, quanto pelos majestosos vocais de Anderson. Em 1996 essa mesma forma��o retornou no triunfante "Keys To Ascension" e surpreenderam o p�blico com uma vers�o muito superior � original para "Onward", uma das raras composi��es solo de Squire no Yes.

Mesmo que essa resenha n�o aborde a vers�o remasterizada do disco, fixando-se apenas na obra original, recomenda-se a mesma j� que possui nove faixas b�nus apresentando n�meros in�ditos da banda, em se tratando de Yes, sempre podem agregar um algo a mais.

Ainda que bem inferior ao "Going For The One", "Tormato" possui seus momentos(solo de Wakeman em "Rejoice" e o cravo em "Madrigal", guitarra de Howe em "Don't Kill The Whale", batera de White em "Release Release", etc.) que me faz crer valer a pena, mesmo para aqueles que n�o sejam admiradores inveterados da banda, sendo superior a p�rolas como "Big Generator" e "Union".