Tempus Fugit

Brasil

Titulo: The Dawn After The Storm
Ano de Lançamento: 2000
Gênero: Prog Sinf�nico
Gravadora: Rock Symphony
Número de catálogo: RSLN 0032
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  Revisto por: Gibran Felippe Nota:9.5
O resultado alcan�ado por esse segundo trabalho da banda carioca Tempus
Fugit � esplendoroso e fica latente logo na abertura com uma m�sica j�
considerada cl�ssica na discografia progressiva brasileira, "Daydream".
Imposs�vel imaginar um nome mais prop�cio para essa composi��o do Andr�
Mello, que apresenta solos de guitarras memor�veis e quebras r�tmicas
arrebatadoras, numa apologia que encontra resson�ncias em tempos
on�ricos, pois tanto nessa m�sica quanto numa fantasia de nossos
cora��es � poss�vel deixar a mente vagar em busca do pleno
contentamento.

H� uma certa divis�o por parte do p�blico no que tange o melhor trabalho
da banda, uma ala considera o primeiro e outro grupo na mesma propor��o,
considera ser esse segundo �lbum superior. Fa�o parte do segundo grupo,
porque em "The Dawn After The Storm" noto um amadurecimento musical por
parte do Tempus Fugit, com as id�ias mais delineadas e um escopo musical
mais consistente e original. Ressalto que nesse trabalho a banda
conseguiu ampliar seus horizontes sonoros, soltou de vez algumas
amarras e muitas vezes � poss�vel observar varia��es r�tmicas que
beiram improvisos, bem como destaques individuais n�o percebidos
anteriormente, a maior prova disso est� na grande participa��o e �nfase
das guitarras. Se o que antes j� era �timo, aqui fica ainda melhor!

A forma��o do grupo nessa ocasi�o era: Andr� Mello � teclados e vocais,
Ary Moura � bateria, Henrique Sim�es � guitarra e viol�o e Andr� Luiz
no baixo. Uma altera��o significativa ocorreu com rela��o ao primeiro
trabalho, a sa�da do carism�tico baixista Bernard, respons�vel por
algumas composi��es no "Tales From A Forgotten World" e tamb�m que
imprimia uma pegada similar � do Eloy, j� que uma de suas grandes
influ�ncias reside justamente no magn�fico e �nico Klaus P. Matziol.
Mesmo abandonando o Tempus Fugit, Bernard seguiu a sua carreira de
designer produzindo in�meras obras de arte e sendo muito requisitado no
meio devido seu enorme talento e criatividade. Na outra ponta, seu
substituto, Andr� Luiz, mant�m o alto n�vel com categoria

Na segundo m�sica, respons�vel por intitular a obra, temos uma mini
su�te instrumental dividida em quatro partes marcadas por composi��es
complexas e novamente uma dobradinha super inspirada � Andr�
Mello/Henrique Sim�es, capazes de criar acordes absolutamente
mel�dicos. Os teclados produzem uma atmosfera apote�tica e muito
sinf�nica, ficando percept�vel influ�ncias de Rick Wakeman e Peter
Bardens, enquanto a guitarra executa diversos solos chorados em meio a
dedilhados elaborados. A passagem que mais admiro � a derradeira,
"Homeward", justamente por possuir um solo de teclado capaz de levar-me
�s l�grimas. Essa � a minha preferida do disco, ao lado de "Discover".

"Never" � a primeira m�sica cantada do �lbum e de um lirismo capaz de
agradar � primeira audi��o e tamb�m funciona como uma esp�cie de
calmaria para o ritmo fren�tico das anteriores. Essa composi��o lembra
os grandes momentos do Pendragon e se Andr� Mello n�o possui a mesma
t�cnica vocal de Nick Barret, seus teclados em nada deixam a desejar
para os de Clive Nolan e em v�rios momentos � poss�vel observar a sua
grande desenvoltura na utiliza��o de v�rios timbres e mesas. Na
sequ�ncia a banda apresenta mais uma grande m�sica, com um sonoro
t�tulo em portugu�s - "Tocando Voc�" e uma guitarra para nenhum f� de
Andy Latimer botar defeito. Henrique Sim�es mostra grande versatilidade
na condu��o das guitarras, indo do solo mais rom�ntico e chorado para
movimentos mais bruscos e dram�ticos, sem qualquer preju�zo ao
andamento da harmonia musical do grupo. Verifica-se a mesma precis�o
tamb�m em "O Dom de Voar" (bel�ssima) e "The Sight". Na primeira temos
a completa aus�ncia da bateria e uma participa��o especial de Marco
Aur�h nas flautas que casam perfeitamente com os viol�es de Sim�es e o
piano do Andr�, enquanto a segunda � de um sinfonismo comum �s bandas
setentistas. Tempus Fugit � essencialmente isso, um resgate do
sinfonismo cl�ssico, "The Sight" provavelmente possui o solo de
guitarra mais belo de todo o �lbum e os vocais aqui d�o conta plena do
recado e est�o bem de acordo com o desenvolvimento musical proposto,
vale destacar o baixo do Andr� Luiz que se faz presente com muita
personalidade em "The Sight".

Tenho uma preocupa��o com rela��o ao novo trabalho do grupo, pois j� se
v�o quase dez anos de dist�ncia para esse genial "The Dawn After The
Storm" e o receio est� relacionado � expectativa que o Tempus Fugit vem
causando nos seus admiradores do mundo inteiro para o lan�amento do
�lbum "Chessboard", quase uma tortura. Tenho a convic��o que
tratar-se-� de mais um belo exemplar da banda que ser� entregue no fim
de 2007, por�m se tal trabalho n�o mantiver o n�vel dos dois primeiros,
ser� uma grande frustra��o devido o longo tempo de espera e convenhamos
que os dois primeiros discos do Tempus Fugit foram acima da m�dia,
colocando a banda entre as melhores dos anos 90, sendo convidada para
alguns festivais internacionais, tais como o Baja Prog, onde
infelizmente n�o puderam comparecer por conta de problemas de ordem
financeira e o Prog Fest, nesse sim, o grupo se apresentou e foi
sucesso de vendas na ocasi�o do evento, ficando marcados por serem a
primeira banda sulamericana a participar do festival. A banda tamb�m
possui um p�blico fiel na vizinha Argentina, onde tiveram a
oportunidade de se apresentar e foram ovacionados pelos hermanos.

"The Dawn After The Storm" ainda reserva a melhor surpresa para o final,
"Discover" � o carro chefe desse trabalho, absolutamente contagiante e
nessa observa-se grande influ�ncia do Yes, a principal fonte de
inspira��o do grupo, que tem algo dos ingleses at� em seu nome. E
convenhamos, mesmo possuindo arranjos bem distintos do Yes, a banda
bebeu na melhor das fontes existentes no rock progressivo para extrair
sua bela sonoridade. A introdu��o da m�sica com o bandolim de Sim�es �
um arraso, abrindo de forma comovente e com extrema sensibilidade para
os teclados e vocais do Andr� Mello. O desenvolvimento segue com a
entrada de outro convidado especial, Fernando Sierpe colaborando nos
backing vocals e com uma guinada inesperada para um ritmo intenso,
essas varia��es abruptas remetem-me diretamente ao Yes, eram mestres
nesse tipo de constru��o musical, one Howe come�ava na viola e depois
Wakeman explodia tudo. Aqui o Tempus Fugit recria essa atmosfera com
grande maestria e personalidade pr�pria, onde na segunda metade da
m�sica em diante os teclados de Andr� surgem de forma �mpia n�o
deixando pedra sobre pedra num arroubo de euforia.

J� tive o grande prazer de v�-los ao vivo e aguardo ansiosamente pelo
novo trabalho e tamb�m por uma nova turn�, na minha escala de
conceitos, considero o primeiro trabalho do Tempus Fugit com uma nota
nove, esse segundo sobe mais meio ponto e se continuarmos nessa
progress�o, teremos a nota m�xima para �Chessboard�!