Antes de mais nada, aqui estamos tratando do fenômeno rock e suas variantes.
O envenenado ano de 1967 emana psicodélia, mutações, incrementações bizarras e insurreições radicais no rock.
Surge deste turbilhão o fenomenal virtuose ,tecladista de mão cheia, Keith Emerson e seu grupo avant-garde The Nice.
No começo, eram quatro rapazes com um som pra lá de ousado, experimental que até hoje, soa no futuro e não pode ser assimilado sem uma pré-iniciação musical.Para compreender
O The Nice é necessário antes de mais nada, uma cultura musical na área do erudito tradicional e contemporâneo, e na área do jazz e blues .
Tudo isto misturado com garra, criatividade, pompa e circunstância seria um pioneirismo sem igual deste grupo.
Bem que o Deep Purple começaria da mesma forma e na mesma época.Mas o The Nice é mais radical e erudito.
Aliás o maestro Jon Lord foi professor de harmonia de Keith Emerson.O The Nice ficou famoso pela formação power- trio
"teclados-baixo-bateria".O primeiro LP lançado em 1967 tinha o guitarrista David O´List , o estupendo e virtuose batera Brian Davison e o fenomenal baixista e vocalista Lee Jackson.
Além é claro do mentor Keith Emerson. Este primeiro trabalho é ótimo, com tendências mais ácidas e progressivas por causa da presença da guitarra de O´List, que muda muito a expressão musical de forma geral.
Com a saída deste ótimo guitarrista, a banda consagrou a formação de trio para a posteridade, criando mais 4 álbuns arrasadores, que marcariam toda uma parte da história do rock.
A música do The Nice é eclética, faixas geralmente de 10 a 15 minutos (contando com uma grande suíte sinfônica de 18 minutos ,para grupo e orquestra no segundo LP Ars Longa Vita Brevis) baseadas no órgão hammond ,piano acústico ( que por sinal são inigualáveis até hoje) na batera e baixo com divisões e intervenções jazzísticas precisas e convenções incríveis.
Música muito difícil de se compor, de se ensaiar e de se executar, pois exige uma enorme formação musical.
Emerson toca J.S.Bach, Sibelius ou Beethoven tão bem quanto Scott Joplin ,ragtimes e blues.Além do mais, para tecladistas o cara é uma escola referencial,principalmente os abusos sonoros que ele tira do órgão hammond B-3!!
No piano o homem é preciso, com uma técnica limpíssima de cair o queixo. O The Nice seria pioneiro de uma era, que daria ao mundo o futuro E,L &P. Iniciaria uma série de outros imitadores de nível, ou seja, uma nova escola dentro do rock como Vincent Crane( Atomic Rooster), Triunvirat, Tritonus, Epidaurus, U.K. , etc...
O The Nice traria inspirações ao King Crimson, de onde toda uma escola de músicos saiu para arrasar nos anos 70.Incluindo o baixista Greg Lake ( que faz os vocais e cordas no primeiro disco do grupo, A Court of Crimson King) que estréia como Emerson,Lake and Palmer no Festival da Ilha de Wight em agosto de 1970.
Cito aqui a título de pesquisa obrigatória aos interessados os álbuns essenciais do grupo The Nice:
The Throughts of Emerlist Davjack -1967 (notem o nome, as iniciais de cada um) para Emerson,List ,Davison e Jack (Emerlist Davjack)!!!
Ars Longa Vita Brevis- 1968
The Nice- 1969
Five Bridges Suite -1970
Elegy -1971
Na realidade o trabalho desenvolvido pelo The Nice nem seria igualado ao próprio posterior E,Land P, apesar das comparações inevitáveis. O E,L and P seria mais bombástico, e Keith Emerson lançaria a mão de moogs e sintetizadores mais agressivos, com menos inserções jazzísticas e mais rock.
O The Nice é mais purista, na raça e numa época em que inovações eram uma grande maestria e risco para os produtores, tanto que numa das apresentações do grupo, a indiferença foi tanta, que Emerson estourou literalmente uma bomba no palco para o povo prestar atenção no som da banda!!
Portanto, sempre foi difícil a inserção da grande arte nas massas,pois a voz das massas nunca foi a voz de Deus.