Sem fanatismo ou idolatrias, procurei mapear nesta coluna o fenômeno da maior banda de rock de todos os tempos. Não se trata de cronologias ou detalhes de fatos, mas sim de uma varrida geral deste vulcão chamado The Beatles.
Mas antes, vamos voltar aos EUA dos anos 50, onde o enorme sucesso das big bands começava a entrar em decadência e surgia então um gênero com grupos menores de instrumentistas, conhecido como Bebop – o pai do rock 'n' roll. O primeiro grupo a despontar nessa época foi o The Saddlemen, encabeçado por Bill Halley, e que foi responsável pelas duas primeiras obras primas do rock, á saber: Rockett 88 e Rock The Joint. Mas Halley viria mesmo a coroar a história com o clássico "Rock Around The Clock", já á frente da banda The Comets.
Logo depois, Elvis Presley explodiria com "Blue Suede Shoes" (do guitarrista Carl Perkins) e aí a coisa toda pegou fogo. Dando um pulinho á frente vamos chegar em 1956, onde um tal de John Lennon já soltava acordes rebeldes com o grupo The Quarryman. O tempo passou e já nos anos 60 Lennon se juntaria com outros três rapazes que mudariam o "modus operandi" de todo o planeta Terra: Paul McCartney, Ringo Star e George Harrison. Lógico que houve contratempos até chegar a essa formação histórica, mas vamos direto ao que interessa.
De 1966 até 1969, pulando a fase do Ié-ié-ié, esta banda criaria todas as vertentes posteriores que existem no rock até hoje, graças as composições marcantes da dupla Lennon e McCartney e inesquecíveis álbuns como Magical Mystery Tour, Sgt. Peppers, Álbum Branco, Revolver, entre outros.
Mas nada dura para sempre! Com o derradeiro álbum Abbey Road, os The Beatles encerrariam sua história para sempre. O álbum Let It Be foi uma homenagem póstuma bem planejada pelo empresário Phil Spector, que reciclou sobras de estúdio do Álbum Branco, lançando-o em 1970. Mas a banda já não tocava junta há cerca de dois anos. Daí que muitos (como eu) ficaram esperando toda a década de 70 pelo reencontro que nunca ocorreu.
Bom, mas este revival Beatlemaníaco tem um motivo. É que recebi recentemente um CD que ostenta o nostálgico título de Lost Songs of Lennon & McCartney, editado aqui no Brasil pela Perfect Music. São 17 faixas compostas pela dupla, mas que não foram registradas oficialmente na época. De cabo a rabo o CD é The Beatles puro soando nas entranhas de roupagens novas, executadas pelos músicos Graham Parker e Bill Janovitz (da banda Buffalo Tom, e que cantam em boa parte do CD), mais a cantora Keith Pierson (do conjunto B52's, mas que aqui lembra muito o Steelye Span). Ela abre uma das melhores faixas do CD, "I'm In Love".
Mas a faixa que realmente toca fundo é a lindíssima "It's For You" (que até é possível de encontrar na versão original em algum CD pirata raro do quarteto de Liverpool). A faixa subtítulo, "From A Window" também é uma obra-prima.
Vale lembrar que encontramos aqui também uma faixa batizada de "Woman", mas que não deve ser confundida com a homônima de Lennon em seu álbum solo de mesmo título.
Obviamente a maioria das músicas são baladas e não tem aquele peso, mas as guitarras aparecem aqui e acolá, com distorção moderada. Além dos músicos citados acima, há vários convidados que fazem os arranjos deixando sempre transparecer a genialidade dos dois monstros do rock. Entre os convidados está Robin Zander, do Cheap Trick, que com Johnny Society canta "That Means A Lot".
O CD é obrigatório tanto para colecionadores quanto aos fãs, sendo agradável do inicio ao fim.
É curioso como ainda hoje há uma infinidade de bandas reciclando músicas dos The Beatles ou apontando influências diretas do quarteto. Sem contar a infinidade de seguidores que eles arrastam desde os anos 60 e de inúmeras bandas notáveis, de grande sucesso, que os citam como influências.